O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E PEIXES
João 6:1-14
INTRODUÇÃO
Esses versículos descrevem um dos mais notáveis milagres do Senhor. Entre todas as grandes obras que Ele realizou, nenhuma foi tão divulgada quanto essa, e perante tantas testemunhas.
De todos os milagres relatados nos Evangelhos, este é o único que os quatro escritores registraram. Esse fato, por si só — assim como acontece com a crucificação e a ressurreição de Cristo, que também aparecem em todos os Evangelhos — já é suficiente para mostrar que esse milagre merece atenção especial.
1 - O PODER EXTRAORDINÁRIO DE CRISTO
Vemos nosso Senhor alimentando cinco mil homens com apenas cinco pães de cevada e dois pequenos peixes. Aqui temos uma prova clara de que um evento milagroso aconteceu, confirmado pelos doze cestos de fragmentos que permaneceram após todos terem se alimentado.
O poder criativo foi manifestamente exercido. Quando Jesus curava um doente ou ressuscitava um morto, Ele restaurava o que já existia. Mas, ao alimentar milhares de homens com apenas cinco pães, algo novo foi criado — do nada surgiu o alimento.
Essa história deve ser especialmente instrutiva e encorajadora para todos aqueles que se esforçam em fazer o bem às pessoas. Ela nos mostra que o Senhor Jesus é capaz de salvar completamente.
Ele tem todo poder sobre os corações mortos. Não apenas pode consertar o que está quebrado, reconstruir o que está arruinado, curar o que está doente ou fortalecer o que está enfraquecido. Ele pode ir além: pode criar do nada aquilo que antes não existia.
Por isso, nunca devemos desesperar quanto à salvação de alguém. Enquanto houver vida, haverá esperança! A razão e o bom senso podem dizer que certo pecador é “velho demais” ou “duro demais” para ser salvo. Mas a fé responde: nosso Mestre pode criar e renovar; pelo Espírito, Ele pode dar um novo coração. Nada é impossível para Ele.
2 - O OFÍCIO DOS MINISTROS
Neste milagre também aprendemos sobre o papel dos ministros de Cristo.
Os apóstolos receberam o pão das mãos de Jesus, depois que Ele o abençoou, e o distribuíram à multidão. Não foram suas mãos que fizeram o pão se multiplicar, mas sim o poder do Mestre. Foi a onipotência do Senhor que garantiu suprimento infalível.
O trabalho dos discípulos foi apenas receber humildemente e distribuir fielmente. Aqui temos um emblema vivo do ministério no Novo Testamento. O verdadeiro ministro não é mediador entre Deus e os homens. Ele não tem poder para remover pecados nem para transmitir graça.
Todo o seu ofício é receber o Pão da Vida que o Senhor provê e distribuí-lo às almas às quais serve. Ele não pode forçar as pessoas a valorizarem esse Pão ou a aceitarem-No. Não pode transformar corações, nem vivificar almas. Esse não é seu trabalho, portanto não é sua responsabilidade.
Sua missão é ser um fiel despenseiro do alimento divino. Uma vez feito isso, seu dever está cumprido.
3 - A SUFICIÊNCIA DO EVANGELHO
A terceira lição deste milagre é sobre a suficiência do Evangelho para todas as necessidades da humanidade.
O Senhor Jesus alimentou uma multidão de cinco mil homens. À primeira vista, a provisão parecia totalmente inadequada. Como satisfazer tantas bocas famintas com tão pouco alimento, e ainda em pleno deserto? Humanamente, parecia impossível.
Mas o milagre mostrou que havia mais que o suficiente, e ainda sobrou. Ninguém saiu insatisfeito.
Isso foi feito para ensinar que o Evangelho de Cristo é plenamente suficiente para suprir as necessidades espirituais do mundo inteiro. Por mais frágil ou tola que a mensagem da cruz possa parecer ao homem natural, ela é poderosa e eficaz. A velha história da cruz continua sendo suficiente para todos os povos, línguas e nações.
As boas novas da morte de Cristo pelos pecadores, e da expiação realizada por meio dessa morte, são capazes de alcançar e satisfazer qualquer coração. Transportada por mensageiros fiéis, essa mensagem alimenta todas as classes de pessoas.
Como diz Paulo: “A palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus” (1 Co 1:18).
Assim como cinco pães e dois peixes pareceram insuficientes, mas nas mãos de Cristo foram mais que abundantes, assim também a pregação da cruz pode parecer pequena ou ultrapassada. Mas continua sendo suficiente para todas as necessidades espirituais da humanidade.
Essa mensagem não está desgastada nem obsoleta. Ela não perdeu o seu poder!
CONCLUSÃO
Não precisamos de nada novo. Não precisamos de algo mais moderno, mais intelectual ou mais sofisticado.
O que o mundo necessita é do verdadeiro Pão da Vida — Cristo crucificado e ressurreto — fielmente anunciado às almas famintas. Os homens podem zombar ou ridicularizar essa mensagem, mas nada além dela pode trazer verdadeira paz a consciências aflitas.
Estamos todos em um deserto. Se não nos alimentarmos de Cristo e da expiação realizada por Sua morte, pereceremos em nossos pecados.
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